Junta de Freguesia de Lorvão Junta de Freguesia de Lorvão

História

Lorvão é sem dúvida a mais rica de todas as freguesias do concelho de Penacova.


Apesar de este vale já ser provavelmente habitado na época neolítica, de existirem vestígios do período luso-romano e de ser uma das raras paróquias que no séc. VI formaram a diocese conimbricense, Lorvão deve a sua celebridade ao mosteiro que aqui se veio instalar nos alvores da Idade Média. Da proteção ao mosteiro, que de espiritual passou também a social, económica e até política, no tempo de D. Sisnando, após a reconquista de Coimbra, desenvolveu-se a povoação de Lorvão, cujos habitantes encontravam trabalho nas vastas propriedades conventuais, beneficiando ainda de condições de defesa em caso de ataque do inimigo.


Por volta de 1200 o Mosteiro foi reformado para a Ordem de Cister, por D. Teresa, filha de D. Sancho I. A congregação passou então a ser feminina.


Na longa história de Lorvão, contam-se vários períodos de esplendor, como os que coincidiram com as abadessas D. Catarina d´Eça e D. Bernarda de Alencastre, no séc. XVI, e D. Bernarda Teles de Meneses e D. Teresa Luzia de Carvalho, no séc. XVIII.


Foi a Revolução de 1820 que provocou a decadência da comunidade, dando origem à depredação de todas as riquezas acumuladas durante séculos.


Lorvão separa-se do seu Mosteiro pela pequena ribeira que corre ao fundo do Vale.


Dele ficaram marcas indeléveis no viver das suas gentes, onde antigas tradições têm conseguido resistir ao passar dos séculos.


 


MOSTEIRO DE LORVÃO


 


A fundação deste mosteiro remota ao século VI, de acordo com as memórias relatadas pelos cronistas monásticos, corroboradas por uma pedra de ornato visigótico que se encontra incrustada na torre dos sinos. Foi o seu primeiro abade um certo Lucêncio, mais tarde bispo de Conimbriga, que assistiu a um concílio de Braga em 561.


Os monges que o vieram fundar dedicaram-no aos mártires orientais S. Mamede e S. Pelágio.


Deveriam ter seguido uma regra do monarquismo hispânico, dado que a regra de S. Bento só veio a ser adotada no século XI. Nebulosos e lendários são os primeiros séculos da Instituição, pois os mais antigos documentos escritos fidedignos apenas surgem na sequência da reconquista cristã de Coimbra de 878. A partir desta época o Mosteiro de Lorvão desempenhou um importante papel no fomento agrário e repovoamento da região.


As doações dos fieis e ricos-homens conduziram-no a grande prosperidade, permitindo-lhe cada vez mais alargar a sua esfera de influência, só interrompida com a nova investida dos muçulmanos em 987, mas definitivamente afastados em 1064. Os seus abades converteram-se em figuras de primeiro plano; atingiu-se um alto nível cultural testemunhado pelos livros copiados e iluminados como o livro das Aves (1183) e o Comentário ao Apocalipse (1189).


Em 1205 sofreu o mosteiro profunda reforma, operada pela ex-rainha de Leão e filha de D. Sancho I, D. Teresa. A fama que ela deixou de suas virtudes, bem como sua irmã, D. Sancha, fundadora do mosteiro de Celas, em Coimbra, levou-as a alcançar a honra dos altares, em 1705. Os restos mortais das duas santas encontram-se hoje na capela-mor da igreja. Esta reforma fez de Lorvão a primeira comunidade feminina da ordem de Cister em Portugal.


Por volta de 1337 o mosteiro foi colocado sob a invocação de Santa Maria, como era uso nas casa Cistercienses. Na longa história cisterciense de Lorvão contam-se vários períodos de grande fervor religioso e de não menor esplendor artístico, sendo memoráveis os abadessados de D. Catarina d'Eça (1472-1521), D. Bernarda de Alencastre (1560-1564), D. Bernarda Teles de Meneses (1712-1715 e 1721-1724), além de outros. Não faltam, também épocas de perturbação, umas vezes relacionadas com a eleição das abadessas, como no caso de D. Filipa d'Eça (1537), outras com a conjuntura política, como durante as invasões napoleónicas ou após a revolução liberal.


Foi, aliás, a revolução de 1820 que provocou a decadência irremediável da comunidade, dando início à depredação de todas as riquezas acumuladas durante séculos. Espoliadas dos seus bens, as últimas monjas de Lorvão acabaram praticamente na miséria.


Quase tudo o que resta hoje em Lorvão é fruto das reformas dos edifícios operadas nos séculos XVII e XVIII. O mosteiro ficou então com quatro dormitórios, noviciaria, hospício e hospedaria, coro, igreja, dois claustros, refeitório, sala capitular, enfermaria, botica, cartório, oficinas, celeiro e outras dependências. Alem da igreja, coro e claustros, restam apenas os cascos do hospício e dois dormitórios. Na fachada voltada ao exterior destacam-se os arcos da portaria e da igreja.


A Igreja é uma construção magnífica, levada a cabo entre 1748 e 1761, luminosa, de proporções clássicas e monumentais e decoração sóbria. Segue o estilo joanino de Mafra, mas numa visão mais intimista, que é a do rococó. Nela são especialmente merecedores de atenção: a porta da entrada de pau preto com aplicações de bronze dourado; as grandes telas de Pascoal Parente, nos altares sob o zimbório, representando S. Bernardo e S. Bento; os túmulos de prata de Santa Teresa e Santa Sancha, feitos em 1715 pelo ourives portuense Manuel Carneiro da Silva, que se encontram nos altares da capela-mor.


Na Sacristia podem-se admirar três grandes tábuas pintadas em 1623 por Miguel de Paiva, além de outras obras de pintura, designadamente dos italianos Agostino Masucci e Pascoal Parente.


Na Sala do Capítulo encontra-se provisoriamente instalado o museu que tem algumas peças de grande merecimento artístico. Para além de pinturas, cerâmica, mobiliário e tapeçaria dos séculos XVII e XVIII, destacam-se as esculturas de S. Bento e de S. Bernardo, de cerca de 1510, além de um Cristo do século XV. Entre os paramentos salienta-se o véu da píxide, bordado a ouro e aljôfar, e, das peças de ourivesaria, são notáveis uma virgem com o Menino, do início do século XVII, e a custódia, de cerca de 1760, primorosa obra de ourivesaria de Lisboa.


A separação entre a Igreja e o coro é feita através de uma grade de ferro forjado com aplicações de bronze dourado, única no seu género no país. Sobre ela se ergue o órgão de 61 registos, obra de António Xavier Machado Cerveira, datado de 1795 e com a característica invulgar de ter duas fachadas opostas, compostas de um delicado rococó.


Num dos altares do coro encontra-se a formosa imagem de Nossa Senhora da Vila, do século XIV, também conhecida por Santa Maria de Lorvão. Mas o que ali mais desperta a admiração é, sem dúvida, o vasto cadeiral, terminado pouco antes de 1748, pela delicadeza dos ornatos, pela espiritualidade dos santos esculpidos sobre as cadeiras e pela nota de fantasia dada pelas máscaras existentes na parte inferior dos assentos. O jacarandá preto do Brasil e a nogueira, únicos materiais utilizados, na sua cor natural, contribuem em grande parte para acentuar a sua beleza.


O claustro é um recinto acolhedor e harmonioso, edificado em duas grandes campanhas: 1597 (arcadas do piso térreo) e 1677 (sobreclaustro). É bordejado por 13 capelas devocionais, hoje despojadas, construídas durante todo o século XVII, a partir de 1601.


 


MUSEU DO MOSTEIRO DE LORVÃO


A criação de um Museu de Arte em Lorvão foi anunciada em 1921, sendo a iniciativa da responsabilidade da Junta da Paróquia local. 


O Museu exibe peças, do espólio do Mosteiro, de temática histórico-artística, paramentários e outros objectos litúrgicos, telas e peças de escultura, acervo do antigo cenóbio. Para além das pinturas, cerâmicas, mobiliário e tapeçaria dos sécs. XVII e XVIII, destacam-se as esculturas de São Bento e São Bernardo, de cerca de 1510 e um Cristo Crucificado do séc. XV. Entre os paramentos, salienta-se o véu da píxide, bordado a ouro e aljôfar, o único no mundo a ser usado por uma mulher, abadessa do Mosteiro, depois de especial autorização Papal. Das peças de ourivesaria destacam-se uma Virgem com o Menino, do início do séc. XVII, e a custódia, datada de 1760, primorosa obra da ourivesaria de Lisboa.

Visitas guiadas ao Mosteiro:
Terça a Domingo das 09h00 às 17h00. Contacto: 918 216 726

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